terça-feira, outubro 16, 2007

Técnicas de Maneio do Habitat

O sucesso reprodutivo, a sobrevivência e a densidade das populações dos vertebrados terrestres depende em grande medida da qualidade e disponibilidade do habitat. O habitat pode ser considerado como o espaço físico que proporciona à população alvo as condições propícias para a reprodução, a alimentação e refúgio, e o conjunto dos factores ambientais que influenciam o ciclo de vida da espécie em causa.
A gestão de uma população bravia, deve ter em conta a sua dimensão (bem como a sua dinâmica, sobrevivência e capacidade reprodutiva), e que esta depende da quantidade e da qualidade do habitat disponível, ou seja é função da capacidade de suporte do meio, independentemente dos objectivos da gestão dessa população. O gestor deve saber quais as componentes do habitat da espécie alvo, de que maneira ela as utiliza e sobre quais devem incidir as medidas de gestão, por forma a que se atinjam os objectivos inicialmente propostos.
É do consenso de todos, que as alterações nos habitates, foram, e continuam a ser, a principal causa para a diminuição das populações da maioria das espécies da nossa fauna bravia. No que à cinegética diz respeito, as mudanças nos ecossistemas agrícolas, foram em grande parte responsáveis pela diminuição das populações de perdiz-cinzenta, de codorniz, lebre e rolas, por exemplo.
A gestão do habitat degradado, por forma a restituir o seu potencial produtivo, é o passo fundamental na gestão cinegética, na pesca, na conservação e em qualquer outra actividade em que se pretenda gerir populações bravias (como as actividades turísticas). As técnicas de gestão de habitat englobam um conjunto de medidas que vão desde o ordenamento do território (de longa duração), até medidas mais simples, como as culturas para a fauna.
Quando se pretende aumentar o tamanho da população, é necessário saber quais os constrangimentos à normal evolução da população, por forma a atenuá-los. Por exemplo, em resposta a uma baixa taxa de reprodução devido à inexistência de locais propícios para a construção de ninhos, de nada serve disponibilizarmos alimento, ou efectuar repovoamentos, visto o meio não comportar mais casais reprodutores.
Na gestão cinegética pretende-se obter uma população que tenha a capacidade de, todos os anos, produzir um excedente populacional que irá ser caçado, sem com isso por em causa o crescimento do ano seguinte. Assim, se disponibilizarmos mais habitat favorável à espécie, ou espécies que pretendemos gerir, teremos em teoria uma população maior, pois estamos a aumentar a capacidade de suporte do meio.
Em zonas agrícolas com potencial cinegético ou de conservação, é necessário articular a gestão das várias actividades, por forma a que não se perca a sua sustentabilidade. A gestão da exploração como um todo (ordenamento biofísico) é a primeira variável da nossa equação que precisa de ser definida. Grandes áreas contínuas de um só tipo de cultura não proporcionam grande habitat para espécies cinegéticas, sendo também muito pouco favoráveis para a biodiversidade. Podemos mesmo afirmar que em Portugal as grandes zonas cinegéticas têm uma componente agrícola quase dominante.
A manutenção de orlas e sebes vivas é um dos primeiros cuidados a ter no planeamento de uma exploração de cariz cinegético. Estas zonas de vegetação arbórea e/ou arbustiva, diversificam os habitates disponíveis. São bons locais para a nidificação e abrigo, e podem beneficiar, por exemplo, as nossas populações de coelho e perdiz, consideradas como espécies de orla.
Estas formações arbóreas desempenham também um papel importante nas zonas agrícolas (atenuam o efeito de condições climatéricas adversas), e não devem ser alvo de práticas agrícolas ou silvícolas mais intensivas, por forma a proporcionarem o alimento e a segurança que as zonas agrícolas adjacentes não dão. Estas faixas
beneficiam também algumas espécies que dificilmente subsistiriam na zona agrícola, como algumas aves insectívoras de orla (como os chapins).
Estas faixas podem também ter como função a protecção contra ventos dominantes, protegendo a cultura agrícola, caso sejam instaladas tendo em conta a direcção predominante. Se forem instaladas ao longo dos caminhos, a sua implementação e manutenção será mais fácil.
As culturas agrícolas fornecem alimento (sementes, rebentos verdes, raízes e folhas), local para a nidificação, de protecção contra os predadores e abrigo de factores climatéricos adversos. Uma cultura para fauna não é mais do que uma parcela cultivada que fornece habitat para aves (ou mamíferos) em zonas onde esta não existe em quantidade e/ou qualidade. Geralmente, estas faixas têm uma forma rectangular ou linear, pois estas maximizam o efeito de orla (maior perímetro para a mesma área).
Podem ser usadas gramíneas (como a aveia, o trigo ou o centeio), legumionosas (como os trevos, a tremocilha, e a ervilhaca), crucíferas, entre outras. No nosso país o girassol e o milho são já usados com o objectivo de fornecer alimento e de ajudarem a actividade cinegética. Podem ser usadas culturas extremes ou em consociação (por exemplo uma espécie de cereal e uma forrageira de Inverno, permitindo assim colmatar duas necessidades diferentes em diferentes alturas do ano). Em qualquer dos casos, o gestor deve, como primeiro passo, conhecer muito bem a população da espécies alvo, a sua distribuição e dimensão e os principais constrangimentos. De seguida deve escolher bem os locais para instalação das parcelas, a sua forma e dimensão.
Estas parcelas necessitam de uma gestão especial, diferente da área agrícola adjacente: não devem ser aplicados produtos químicos; podem ser implementadas junto a aceiros e caminhos; devem estar distribuídas por toda a exploração (de uma maneira uniforme); devem ser tanto maiores quanto a espécie alvo (até 50 metros de largura para aves); as sementes resultantes destas parcelas podem ser usadas para os comedouros ou para semear outras parcelas.
Os objectivos da instalação de culturas para a fauna são:

· colmatar os requisitos da espécie alvo em relação ao uso do solo (ex: criação de zonas agrícolas onde estas deixaram de existir);

· favorecer o aumento do sucesso reprodutivo, criando (e melhorando) o habitat de reprodução (por exemplo, locais com boas condições para a nidificação);

· aumentar a disponibilidade e qualidade, de locais de abrigo e de alimento, adequados às diferentes necessidades durante as diferentes estações do ano (fornecendo coberto contra as condições climatéricas adversas quer de Verão, quer de Inverno);

· ajudar na actividade cinegética.

Pretende-se assim actuar ao nível do coberto, criando (e gerindo) os diferentes tipos, a saber: o de nidificação; o de refúgio; o de descanso e dormida; o de sombra; e o de Inverno. Esta técnica exige assim um conhecimento profundo sobre a biologia da espécie e do ecossistema onde está inserida. As culturas para a fauna não são por si só suficientes para o sucesso na época venatória, mas são um instrumento importante que está a dar bons resultados no estrangeiro, mas que é ainda pouco utilizada em Portugal.
Uma prática mais simples consiste em deixar a cabeceira da cultura sem aplicação dos tratamentos da cultura agrícola. Esta faixa poderá não ser colhida fornecendo assim alimento e coberto depois da época de colheita, numa altura (Verão) em que as necessidades alimentares são maiores, em que o calor aperta e o perigo de predação também é grande.
Também é necessário controlar a pressão da pastorícia. Muitos ninhos são destruídos e/ou abandonados devido à acção do gado doméstico na altura mais crítica da nidificação. É necessário evitar a entrada de animais nestas faixas antes dos ovos eclodirem.
No sentido de melhorar as condições do habitat de espécies cinegéticas existem outras técnicas, algumas delas bastantes simples, como a instalação de bebedouros e comedouros, e a construção de abrigos simples utilizando os materiais resultantes das podas das videiras e das árvores (normalmente sobreiros, azinheiras). Estes abrigos simples (de dimensão variável) devem ser distribuídos em zonas com pouca vegetação.
A densidade de matos deve ser controlada, pois em grande matagais favorecem os predadores terrestres generalistas, como as raposas e saca-rabos, que atacam de emboscada, e que, a par de cães e gatos domésticos ou assilvestrados, são muitas vezes responsáveis pela elevada predação.
Por último interessa referir que a gestão de ecossistemas florestais também carece de cuidados redobrados no que toca às interacções com a fauna. A conservação da biodiversidade é um dos pilares da gestão florestal sustentada, minimizando assim os conflitos entre a produção de material lenhoso e a gestão da vida selvagem.
A existência de grandes áreas contínuas de povoamentos florestais monoespecíficos, não contribui para a gestão sustentada da floresta, pois são áreas com menor biodiversidade e onde o risco de incêndio é maior.
A gestão do subcoberto, a diversidade dos povoamentos (idade e espécies a utilizar), a gestão dos cortes rasos e desbastes, a manutenção de caminhos, asseiros e de pontos de água, são algumas das medidas que podem ser usadas para fomentar a diversidade de habitats, mas também para sustentar a fauna cinegética e, quando enquadradas no ordenamento da região, aumentar a resistência ao fogo.
Os grandes herbívoros têm um papel importante na estrutura e composição do ecossistema florestal, e é necessário saber quais esses efeitos e perceber os factores que controlam a sua densidade populacional, o seu comportamento e a sua distribuição. Na Europa existem poucos predadores que controlem naturalmente essas populações, e por isso, é necessário tomar algumas medidas que as controlem e que minimizem o impacto sobre as árvores (quer adultas quer quando instalamos um povoamento).
Os herbívoros actuam de forma diferente tendo em conta a sua estratégia alimentar. Podem ser generalistas (como a vaca) ou especialistas como o corço. O veado tem um comportamento intermédio entre estes dois, e pode alimentar-se quer de arbustos quer de erva.
A presença de massas de água em zonas florestais pode contribuir para o fomento da biodiversidade, pois a água e a vegetação ripícola a ela associada, constituem um elemento diversificador do habitat. Nas nossas condições, a água é um factor limitante de Verão, e como tal, a disponibilização de pontos de água em quantidade (e qualidade) é essencial para garantir o sucesso reprodutivo de muitas das espécies da nossa fauna bravia.
Muitas são as medidas que poderão ser aplicadas no sentido de revitalizar as regiões rurais, mas em todas elas é necessário garantir que todos os esforços e apoios se desenvolvam, de uma forma integrada, no sentido de manter essas regiões dinâmicas, com capacidade de gerar rendimentos e postos de trabalho, contrariando assim o envelhecimento generalizado da população rural, mantendo a diversidade de actividades que desde sempre garantiram a paisagem rural.
A cinegética e o turismo de natureza podem dar um importante contributo para assegurar esse dinamismo, gerando postos de trabalho e criando riqueza. Como tal estas actividades devem ser fomentadas, com especial interesse em zonas com baixa densidade populacional, e com populações envelhecida. Só se conseguirá conservar a nossa paisagem rural mantendo-a viva. Caso contrário estaremos a conservar vastas zonas de matos com pouco interesse para a conservação, e a aumentar os risco de ocorrência de incêndios.



Fonte:António Heitor
Gabinete Técnico da CONFAGRI

sexta-feira, setembro 21, 2007

quarta-feira, agosto 01, 2007

Setter Inglês



Raça que poucas mudanças sofreu nos dois últimos séculos, o Setter Inglês é mundialmente conhecido como excelente caçador de aves e óptimo companheiro, belo e de temperamento equilibrado.Suas origens são bastante contestadas, mas a raça está indubitavelmente pura desde o século XIX, quando o caçador Edward Laverack (1797-1877) iniciou a selecção de um tipo muito próximo ao que se cria hoje em todo o mundo. Por volta de 1825, Laverack adquiriu um casal de criação do Reverendo Harrison, que mantinha a raça pura há pelo menos 35 anos. Através de sucessivos inbreedings, Laverack conseguiu desenvolver uma linhagem que passou a ser procurada por caçadores de diversos países.
Possui fortíssimo instinto de caça que é sua aptidão natural.

Espero que apreciem o vídeo.

quarta-feira, junho 27, 2007

Pointer Inglês



A história do pointer inglês é bem antiga, comprovada por escritos e trabalhos de arte que remontam à metade do século 17. Enquanto o pointer inglês era desenvolvido, primeiramente na Inglaterra, muitos historiadores caninos creditavam a Espanha como o seu país de origem. O pointer inglês é o resultado do cruzamento desses pointeres espanhóis e várias outras raças, muito provavelmente os foxhounds e bloodhounds pelo faro, greyhounds pela velocidade e bulterrieres pela tenacidade. Mesmo após o advento de caça a tiro às aves com fuzis, o pointer inglês era utilizado para o aponte de presas, os quais, os caçadores de então jogavam uma rede ou caçavam com cães de presa. A raça pointer estabilizou-se em tipo, temperamento e habilidade para caça por volta do século 18 e mudou muito pouco desde então. Hoje o pointer inglês é largamente considerado como um dos mais refinados cães de caça a penas em planaltos do mundo. Foi reconhecido pelo United Kennel Club no início da década de 1900.
Fica o video.


segunda-feira, junho 25, 2007

Teckel








O Dachshund, também chamado de dackel ou teckel, é conhecido desde a Idade Média.

Criavam-se, nessa época, muitos cães descendentes de bracos que eram especialmente bons para a caça debaixo da terra. Desses cães providos de pernas curtas evoluiu-se o dachshund, que foi reconhecido como uma das mais versáteis e úteis raças de caça. Ele mostra excepcional trabalho sob a terra, caçando silenciosamente, além disso, possui alto instinto de busca seguindo animais feridos.
O Clube mais antigo para a raça teckel é o "Deutsche Teckelclub", fundado em 1888. Durante décadas, o dachshund tem sido criado em 3 diferentes tamanhos (teckel standard, teckel miniatura e teckel anão (Kanichen) e em 3 diferentes pelagens (pêlo curto, pêlo duro e pêlo longo).

quinta-feira, maio 24, 2007

Perdigueiro De Burgos



Cão de aponte para caça à presa de pêlos e penas.
O perdigueiro é muito apreciado pelos caçadores que desejam um cão rústico, com resistência para qualquer terreno e qualquer tipo de caça, obediente, sólido e, principalmente, dotado de um discernimento e um estilo de caça excelente, resultante de sua calma e autoconfiança na busca e, igualmente, de seu aponte e relacionamento impecáveis.
Embora empregado na caça de pequenos animais, ele não recusa seguir a pista de grandes animais, tarefa na qual ele demonstra um grande valor.

quinta-feira, abril 19, 2007

Podengo Ibicenco




A raça se origina nas ilhas Baleares de Maiorca, Ibiza, Minorca e Formenteira, onde é conhecido pelo nome original de «Ca Eivissec».

É, também, largamente encontrado na Catalunha, em torno de Valencia, em Roussillon e na Provença, onde é conhecido pelos nomes de Mallorqui, Xamelo, Mayorquais, Charnegue, Charnegui e Cão de Belaric. Esses cães foram provavelmente trazidos para as ilhas pelos fenícios, cartagineses e, eventualmente também, os romanos.

Este é um cão primitivo típico e robusto representante de uma das raças mais antigas. Ilustrações desses cães são encontradas nos túmulos dos Faraós e nos objetos nos museus, de maneira que a existência dessa raça pode, também, ser comprovada no ano de 3400 AC.

Utilização: o podengo ibicenco é utilizado, principalmente para caça aos coelhos. Graças a sua particular habilidade do sentido do olfato que combinado com sua audição, é mais utilizado do que a visão, ele faz faro e caça coelhos com facilidade, inclusive em mata densa. Ágil e brilhante, ele caça sua presa rapidamente, especialmente quando em matilha. Quando um cão indica a caça ela é cercada por todos os outros que mantém uma certa distância e ficam parados esperando. Eles latem somente quando vêem a caça e quando já a tem cercada. Tanto amarrando como caçando a presa, todos os cães balançam a cauda rapidamente, mas facilmente eles abandonam a atitude de espreita. O podengo ibicenco também é utilizado para a caça à lebre e presas grandes. Ele é um bom recolhedor. Com certas exceções, apenas fêmeas são usadas para a formação de uma matilha ou, no máximo, um só macho em razão deste não trabalhar em equipe durante a caça e de ser briguento. Quando a matilha já caçou centenas de coelhos, pode acontecer, com essa raça, que alguns cães da mesma matilha não mais querem caçar até que tenham descansado o suficiente. A expressão espanhola «enconillarse» (ir repousar) refere-se a essa peculiaridade

sexta-feira, março 30, 2007

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Falcoaria


A Falcoaria ou Cetraria é a arte de adestrar e caçar com aves de presa. Crê-se que esta modalidade de caça tenha sido inventada à 10.000 anos na Ásia Central.
Em Portugal a Falcoaria tem enormes tradições. Praticou-se desde a fundação da nacionalidade e conheceu períodos de grande explendor durante a Idade Média e na segunda metade do séc. XVIII, altura em que rivalizou com o que de melhor havia na Europa da época.
O costume possui forte tradição em Portugal, onde é praticado desde a fundação da nacionalidade.

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Dogue Argentino


Como estamos na época das montarias hoje decidi falar do cão que para mim é o especialista na caça aos javalis: O DOGUE ARGENTINO.
Em 1925 em Argentina, dois irmãos António e Agostinho Nores Martinez apaixonados pelos cães de caça grossa, como era costume naquele país, criaram após vários cruzamentos (11 raças) o Dogue Argentino que reúne todas as qualidades necessárias para a caça ao javali. É sem dúvida a melhora raça canina para caça grossa, bate o monte em silêncio, tem um bom olfacto e é muito ágil.
Espero que apreciem o vídeo, para os mais sensíveis: não recomendo.
Abraço a todos

sexta-feira, fevereiro 09, 2007